O termo especialista na área da saúde, sem dúvida, suscita a visão de um profissional com conhecimentos e habilidades aprofundadas em uma área específica da prática. O enfermeiro especializado em oncologia é o profissional que vai prestar assistência ao paciente desde o diagnóstico até o final de todo o processo, seja ele de cura ou finitude. O enfermeiro especialista está presente em todas as fases do tratamento do câncer, desde o diagnóstico da doença, passando pelas várias fases do tratamento como a cirurgia, a radioterapia, quimioterapia e cuidados paliativos. A oncologia é uma área muito específica, portanto é importante que os enfermeiros tenham formação de especialista na área e que estejam sempre se atualizando.
O Enfermeiro é um dos elementos que compõe a equipe multiprofissional no sistema de saúde: colabora no planejamento e execução dos programas a serem desenvolvidos e pela intimidade com os problemas, é o elemento credenciado para identificar as necessidades do paciente, sendo o contingente humano de maior sensibilidade na promoção de saúde do indivíduo e da coletividade. Provavelmente, por ser o profissional com o qual o paciente tem mais contato durante o tratamento, é muito comum que o enfermeiro seja o primeiro profissional a reconhecer possíveis alterações clínicas ao longo do tratamento, podendo detectar problemas quando ainda estão em sua fase inicial, mesmo que não sejam ainda notados pelo paciente. É o enfermeiro que faz, muitas vezes, o primeiro alerta dentro da equipe assistente, para que se avaliem possíveis problemas ao longo do tratamento.
Além de prestar assistência integral ao paciente, o enfermeiro oncologista também gerencia a agenda de tratamento quimioterápico, realiza consultas de enfermagem oncológica e tem papel educacional, orientando tanto o paciente quanto os familiares durante o tratamento.
É de suma importância que o enfermeiro oncológico confira a prescrição médica, checando o protocolo proposto, os medicamentos e doses que serão utilizados, verificar também peso, altura e superfície corporal do paciente, medicamentos de suporte como pré e pós quimioterapia. Essa conduta propicia segurança na administração do protocolo.
Também é função do enfermeiro escolher o dispositivo adequado para a infusão dos quimioterápicos. Alguns qimioterápicos e protocolos podem ser infundidos por veia periférica, então utilizam-se os cateteres chamados jelcos. Porém outros protocolos ou medicamentos requerem acessos mais calibrosos e profundos, então utilizamos os cateteres de port, hickman ou CCIP. Compete ao enfermeiro avaliar as condições de acesso venoso e se for o caso, indicar a colocação de cateteres. Esssa indicação deve ser compartilhada com a equipe médica. Dos cateteres profundos, o enfermeiro está capacitado, desde que seja habilitado por curso, a implantar o CCIP (cateter Central de Inserção Periférica), os demais cateteres profundos são inseridos pelo médico. A escolha depende do tipo de tratamento e das veias de cada pessoa.
Outra função muito importante do enfermeiro oncológico é a consulta de enfermagem. É nesse momento que são coletadas todas as informações relevantes para o tratamento, são dadas as orientações importantes ao paciente e acompanhante, como possíveis efeitos colaterais dos medicamentos, manejo desses efeitos colaterais, coleta de exames, cuidados com cateter, como será realizado os agendamentos, o que muda no dia-a-dia do paciente durante o tratamento, quando entrar em contato com a equipe médica ou quando e como procurar um pronto atendimento em caso de necessidade, esclarece todas as dúvidas tanto do paciente, quanto do acompanhante e realiza avaliação de acesso venoso.
Lembramos também que a humanização deve ser sempre colocada em prática. A importância do profissional de Enfermagem na humanização do paciente oncológico é ajudar a promover o alívio da dor física e emocional e de outros sintomas e situações estressantes pelos quais o paciente passa, como cirurgia, sessões de Radioterapia e aplicações de Quimioterapia.
Para pacientes em estado de Cuidados Paliativos (fora de condições terapêuticas), o Enfermeiro deve ter a consciência de que os cuidados não se baseiam em protocolos, mais sim em princípios. O enfermeiro deve iniciar ações de prolongamento de vida buscando todas as medidas necessárias para compreensão e o manejo dos sintomas de cada paciente: “Para trabalhar com pacientes já em estado paliativo é preciso entender que esta área não exige apenas a técnica, mas também a relação humana. Nesse período, o paciente requer acolhimento e atenção”.
Conclui se que para atuação eficiente do enfermeiro oncológico a nível de decisão técnico-científica e ético-profissional, torna-se necessário o contínuo estudo e revisão do processo de enfermagem pelos Enfermeiros, a fim de elevar progressivamente a qualidade de prestação de cuidados e medidas que visam atender às necessidades básicas do ser humano. Isto reafirma um ponto de vista que comprova um desenvolvimento da enfermagem como ciência, cujas ações se dirigem para o paciente, não mais a partir de entidades clínicas e ou procedimentos técnicos, normas e ou rotinas, mas prevê uma assistência de enfermagem, a partir dos problemas identificados no paciente, este entendido na sua extensão para com a família e a comunidade e, de modo coerente com a definição de Processo de Enfermagem, como uma série de ações sistemáticas e progressivas que visam a assistência de enfermagem ao indivíduo, família e comunidade.
Sendo assim, o enfermeiro oncologista é um elo fundamental no tratamento multidisciplinar dos pacientes com câncer, trabalhando em conjunto com os demais profissionais visando promover uma assistência integral e de qualidade aos pacientes.